O maior piloto brasileiro do mountain nacional de todos os tempos conquistou inúmeros títulos. Ravelli é dono de nada menos que dez títulos brasileiros no cross-country, seis deles pela equipe Scott. Sem dúvida um recorde que será difícil de ser superado.
Em meados do segundo semestre de 2006, o atleta anunciou o seu retorno às pistas de cross-country, dessa vez pela Equipe Astro.
"Acho que construí uma grande família na Scott e quero ter esse vínculo com eles por um bom tempo e quem sabe um dia voltar para lá. Quero agradecer muito ao Gian (diretor da IGP, representante da marca Scott no Brasil) por ter acreditado em meu trabalho durante todos estes anos e a toda equipe dele na Scott", reconhece o decacampeão brasileiro.
"Quando nasci, Deus deve ter dito assim: esse aqui não vai fazer outra coisa. Nasceu para pedalar". É assim que Ravelli se define: alguém que nasceu para ganhar a vida em cima de uma bicicleta.
Marcio Aparecido Ravelli nasceu em Itu, interior de São Paulo no dia 27 de fevereiro de 1972. Filho de uma família simples, Marcio Ravelli, também conhecido como Beregué em sua cidade, começou a pedalar aos oito anos com uma BMX Turbo da Monark. "Ela era amarela e tinha tanque, imitando uma moto", lembra.
Ravelli confessa-se impressionado com a rapidez com que aprendeu a dominar a bicicleta. Na antiga pista de BMX de Itu, Beregué impressionava os amigos com suas manobras, saltos e sua impressionante habilidade sobre a bike. Entretanto, ele não queria saber de competir seriamente.
"Eu freqüentava as corridas sempre que podia, praticava free-style pelas ruas, mas achava chato competir. De tanto meus amigos me encherem eu me convenci e corri algumas provas. Cheguei em terceiro em uma e venci outras", revela o campeão.
Aos 12 anos, Ravelli já ajudava no orçamento da família trabalhando com entrega de pão e leite. Aos 15 anos trabalhou como marceneiro. Mas as bicicletas sempre fizeram parte de sua vida e em 1989, aos 17 anos, Ravelli abriu uma oficina e lojinha de peças para bicicletas no fundo de sua casa. Aprendeu a consertar motocicletas também.
O tempo foi passando e Ravelli pedalando e dominando as bikes, mais e mais. As mountain bikes já eram moda nos Estados Unidos e começaram a fazer sucesso no Brasil. Muitos dos seus amigos já pedalavam mountain bikes por trilhas da região. "Eu não gostava daquelas bikes grandonas e com marchas.
Achava que com aquele tamanho de bike seria impossível realizar manobras de free-style", conta. O tempo se encarregou de mostrar que ele estava errado, como ele mesmo reconhece: "Hoje faço coisas com uma Scott Genius que não consegui fazer com as aro 20. Faço table, one foot, can-can e dou bobbies que nem eu acredito". Ravelli consegue saltar distâncias grandes e com alturas consideráveis com sua full suspension, partindo da imobilidade total.
SIMPLICIDADE
Quem conhece Ravelli de perto fica impressionado com a simplicidade do atleta. Ele é conhecido por todos os mountain bikers do Brasil, mas é em sua cidade natal que vê-se o quanto o biker é querido. Brincalhão, sempre fazendo alguma palhaçada, Ravelli é uma pessoa divertida e sempre cercada de amigos. Cumprimenta a todos e chama as pessoas da cidade pelo nome.
Hoje ele ainda gosta de cantar e toca um pouco de teclado. Ravelli deixou a música pois já não tinha tempo de ensaiar com a banda. Seu irmão, Henrique Ravelli é guitarrista em uma banda de rock da cidade.
SCOTT RACING TEAM
Ravelli, convencido pelos amigos, começou a disputar provas de mountain bike, e um ano mais tarde já era campeão brasileiro! A primeira corrida de mtb que Beregué venceu na vida foi uma provinha promocional em Itu. Ravelli tem a foto até hoje. Carinha de moleque, sorriso nos lábios, troféu levantado na mão direita e cabelos longos e encaracolados. Diferente do cabelo curto de hoje.
No mesmo ano, 1991, Ravelli chamou a atenção de uma equipe carioca a KHS, e assim o atleta entrava definitivamente no esporte profissionalmente, passando depois a integrar a equipe Caloi onde ficou até 1997.
No ano seguinte, Marcio Ravelli venceu 24 de 25 provas, 17 delas consecutivas. Não havia adversários para ele.
"Eu era muito superior aos adversários. Ninguém andava comigo. Recebia a bandeirada de largada, corria forte e ganhava. Simples", declara. Foi no ano de 1998 que Marcio Ravelli entrou para o Scott Racing Team. Ele confessa que sempre se sentiu seduzido pelos belos acessórios e pelas bicicletas Scott. "Na Scott eu cresci muito. Gosto da maneira como conduzem a equipe. Ali eu e meu companheiro Odair Pereira, podíamos opinar e discutir qualquer coisa com a direção da equipe".
Nossa opinião tem valor. Trabalhamos em conjunto. Somos uma família muito boa e é por isso que somos a melhor equipe de mountain bike do Brasil e tenho orgulho de fazer parte dessa família. A equipe é a melhor pelas bikes que apresenta, pela estrutura que oferece, pelos pilotos que possui e principalmente pelo espírito de equipe que prevalece dentro do Scott Racing Team", diz.
MÚSICA, INTERNET E ÍDOLOS
Nos momentos de lazer e diversão Ravelli gosta de ouvir um som de James, Oasis, Peter Murphy, Echo & the Bunnymnen, Jesus and Mary Chain, Stone Roses. Gosta também de ver na TV programas sobre esportes e telejornais, mas se for para ver novela o campeão prefere desligar o aparelho.
"Na internet gosto de ver meus e-mails à noite e dar uma navegada. Vejo sites de esportes e visito todo dia a seção Último Km do site Bikemagazine. Ali, eu fico sabendo de curiosidades de sobre as bikes e os últimos acontecimentos no esporte", comenta o biker.
O campeão também tem seus ídolos. Por meio de revistas importadas ele acompanhava a carreira de feras como Tomac, Matt Hoffman, Ned Overend e do campeão mundial de downhill Greg Herbold.
"Em competições internacionais tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o Tomac e sou amigo do belga Filip Meirhaeghe. Conversamos muito quando nos encontramos em provas do mundial de mountain bike", conta o decacampeão Ravelli.
LOJA DO CAMPEÃO
Em janeiro de 2001, Ravelli inaugurou no centro de Itu, juntamente com seu antigo mecânico e amigo, a Ravelli Bikes. A bike shop do campeão é também um museu vivo de sua carreira. A loja é decorada com fotografias, troféus, medalhas, diplomas de participação em provas olímpicas, camisas e outros objetos pessoais.
"Sempre quis ter uma loja e oficina dedicada à competição", diz. Ravelli encontra tempo ainda para organizar eventos, como os consagrados GP e a Maratona Marcio Ravelli.
GENIALIDADE E IMPROVISO
Ravelli é dez vezes campeão brasileiro, campeão Pan-Americano (2002), sete vezes campeão paulista, bicampeão da Cactus Cup, 6º colocado nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg (1999), disputou os Jogos Olímpicos de Atlanta em 96 (foi 26º) e é bicampeão do Iron Biker, a prova mais dura da América Latina e uma das mais difíceis em sua categoria no mundo.
E, quando indagado sobre como foram as suas primeiras vitória em um campeonato, Ravelli lembra com orgulho.
"Com o apoio da prefeitura de Itu, fui a Niterói e venci uma etapa do Campeonato Brasileiro. Venci a prova e nem sabia. Achei que a bandeirada fosse para o cara de trás".
Em 1991, ano de seu ingresso definitivo no mountain bike, Ravelli ganhou todas as etapas e provas que disputou e se tornou Campeão Brasileiro. O detalhe curioso: a bike que Ravelli pedalou foi construída por ele próprio e pesava cerca de 15 quilos.
"Eu construí não apenas a bicicleta, mas também eu mesmo fiz a máquina de solda que utilizei". Como é?! Você fez a máquina de solda?! Pois é. Ele fez! Com um balde de água e sal, três fios grossos enrolados em espiral, positivo na tomada, negativo na massa, outro fio no eletrodo e pronto! Tá feita uma máquina de solda caseira.
"Não tinha condições de ter uma máquina, então eu mesmo fiz uma. O acabamento no quadro da bike era dado com massa plástica. Os tubos eram de cadeira e mesas que eu consegui no ferro-velho. Foi com uma bike assim que fui campeão brasileiro. Fiz a gancheira daquela bike na base da serra e da lima", lembra o piloto que também conta ter feito outras muitas peças: coroas, guidão, canotes, quadros de BMX para vender e muitas outras adaptações em bicicletas".
Precisa dizer mais? Sim. Só mais uma coisinha. Marcio Aparecido Ravelli além de mag é também o gênio do mountain bike brasileiro. Sem desmerecer os muitos outros grandes pilotos. Claro.
TÍTULOS PRINCIPAIS DE RAVELLI:
Campeão Pan-Americano 2002
Bicampeão Sul-Americano (2002 e 1994)
Decacampeão Brasileiro (2005, 2003, 2002, 2001, 1999, 1998, 1996, 1995, 1992 e 1991)
Campeão Paulista (2000, 1999, 1995, 1994, 1993, 1992 e 1991)
Campeão do Torneio de Verão de Ciclismo por equipe em 2004
Tricampeão Iron Biker (1996, 1995 e 1993)
Campeão da Copa Ametur, 2001
Campeão da Copa Itaú, 1992
1º no Ranking Nacional 2002
Vice-campeão Brasileiro, 1997
Vice-campeão Paulista, 2001
Vice-campeão Iron Biker, 2003
3º no Panamericano, Baños, Equador, 2004
4º nos Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata
6º nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg
26º nas Olimpíadas de Atlanta 1996
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